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Geleira do Rhone, Glacial do Rhone

Dois finais de semana atrás decidimos visitar a mãe do Meu Suíço, que mora em Chur, na Suíça alemã. Geralmente vamos de trem, adoramos a comodidade e o conforto do transporte público e em quatro horas chegamos por lá totalmente zen. Quando vamos de carro, pegamos a auto-estrada em Morges e passamos por Bern e Zurich, até Chur mais ou menos umas três horas e meia.

Mas desta vez Meu Suíço queria mostrar algo novo para mim: o Glacial de Rhone.

Fomos pelo sul, passando pelo Valais, um passeio mais longo que sem paradas seriam de mais de 5 horas. Como adoro a paisagem suíça, e estava louca para conhecer algo novo, fomos sem pressa. E valeu, como valeu!

Quando saímos da auto-estrada e entramos no Furka Pass, a paisagem foi ficando mais alemã e totalmente rural. A estrada é cheia de curvas e algumas mudam o senso de direção em quase 360º. Definitivamente não é um passeio para se fazer com pressa: a velocidade média que se dirige é baixa, as curvas são imensas e perigosas, a vista é indescritível e a gente vai passando por cidadezinhas e estações de esqui maravilhosas. Dá vontade de parar em todo canto. Tem que ir para ver.

Enquanto subíamos vimos uma fumaceira enorme saindo do túnel dos trens. Já imaginamos que teríamos problemas e que provavelmente a estrada estaria bloqueada com incêndio logo a frente. Já desanimados pensávamos que o Glacial ficaria para outra vez mas, para nossa surpresa, encontramos logo na frente uma locomotiva daquelas super antigas, ainda de carvão, cuspindo uma fumaça danada para todo lado. O maquinista vestido a caráter, a maria fumaça apitava fazendo um barulhão naquela paisagem calma. Tudo fazia parte do show. Foi como voltar no tempo.

Começamos então a subida no Furka Pass. Para quem não sabe, e eu não sabia, Pass é uma estrada que contorna as montanhas. Você sobe e depois desce, sem túnel cortando o caminho. Lá em cima encontramos um hotel encrustado num penhasco. Lugar lindo. Paramos então em um lugar com cara de super turístico... eu não imaginava o que me esperava. Atrás deste lugar estava o Glacial.

O Glacial do Rhone está localizado a 2300 metros de altura e fica no cantão do Valais. Em nenhum outro local da Europa é possível chegar tão perto de uma geleira de carro. A água que derrete dele despenca em um lago, que cresce a cada ano, e dele escorregam cachoeiras, que descem as montanhas e desbocam no rio Rhone.

As geleiras são formadas por camadas de neve compactada e recristalizada. Elas existem onde a acumulação da neve é maior que o degelo, por isso geralmente estão bem no alto. Um glacial se movimenta sozinho e isso é muito assustador. Ele se desloca lentamente, sofrendo o efeito da gravidade, do relevo e também do desgelo. Um perigo!

As geleiras representam o maior reservatório de água doce na Terra. Só perdem em volume para os oceanos.

O que achei louco é a dimensão. Você se sente pequena. É extremamente imponente. As geleiras ou glaciares, podem ter extensões de quilômetros. É uma imensidão! Como geralmente não temos nenhuma referência, acabamos perdendo a idéia do tamanho. Encontrei então duas pessoas andando e fotografei usando meu super zoom... só para não esquecer a imensidão deste glacial.

Voltando aquele local turístico, existe uma bilheteria onde compramos ingresso para caminhar no glacial. Vale a pena. Claro que em função das crevassas, fissuras profundas que existem nos glaciais, é perigoso se aventurar por qualquer lado (como aqueles dois malucos da foto) então, o segredo é ficar no caminho demarcado que leva a Gruta de Gelo, onde é possível entrar e andar embaixo do Glacial.

Naquele final de semana a temperatura externa estava acima dos 30C. Um calor infernal. Dá para perceber pois eu cometi a gafe de visitar um glacial de bermudas. Então, por uma questão de praticidade, e segurança, a geleira acima da gruta estava toda coberta por uma lona, que tentava retardar um pouco o desgelo. Engraçado ver um glacial vestido!

Bom, a temperatura na Gruta de Gelo, mesmo com o calor assustador, é bem baixa. Eu sobrevivi a visita mas certamente se estivesse com uma bota e um impermeável estaria mais confortável. Não dá para visitar glacial como se vai para a praia!

No final da gruta a gente encontra a bandeira da Suíça e umas barricas de vinho. Claro, a geleira fica no Valais, o cantão que produz o maior volume do vinho suíço, e que morre de orgulho disso.

De lá seguimos nossa viagem até Chur, no primeiro momento em silêncio. É de fazer pensar um cenário deste. A natureza se impõe e a gente repensa um monte de coisas.

Encaramos a descida do Pass que foi ainda mais assustadora, com curvas vertiginosas... descer é mais louco que subir mas a vista realmente compensa o risco.

Amei e recomendo!

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