
Impossível imaginar a Suíça sem seus chocolates.
Em Broc, uma cidade rural minúscula rodeada de montanhas, é possível visitar a fábrica de chocolates Cailler, marca do gigante Nestlé
Durante o tour pela fábrica o visitante descobre a história do chocolate, que chegou na Europa no século XVI, inicialmente na forma líquida. Torna-se rapidamente popular na corte francesa, como símbolo de status e como elixir do amor. Em Paris virou moda e de lá espalhou-se facilmente pela burguesia da Europa.
O chocolate líquido entra em decadência no século XIX, quando é gradativamente substituído pelo chocolate sólido, a barra que ainda comemos e adoramos. Neste mesmo século François-Louis Cailler instala a primeira fábrica de chocolates na Suíça que depois, com a ajuda de outros grandes produtores competentes, torna-se famosa por seu chocolate.
Cailler é considerada hoje a marca mais antiga de chocolate suíço.

A visita à fábrica é interessante e gostosa. O caminho até lá é bem rural, com paisagens de calendários suíços. As crianças deliram em ver o processo de produção e todo mundo se delicia com a degustação, que estrategicamente acontece no final. Recentemente a programação da visita foi reestruturada. Audio guias em várias línguas, incluindo o inglês e o espanhol, foram inseridos, assim como um pouco de tecnologia interativa.
Para o Suíço, chocolate é coisa séria. Eles consomem quase a metade do chocolate produzido no país e têm o maior consumo per capita de chocolate do mundo. Discute sobre chocolates como se fossem Grand Crus. Cada um tem e defende sua marca favorita, como se fosse uma religião.
Não sei se é verdade mas já escutei que o chocolate produzido para o consumo no país é diferente do exportado. O chocolate daqui é mais gostoso, mais especial. Quando viajo, não arrisco, compro por aqui, nada de free shop!

Também dizem que o sucesso dos chocolates vem do know-how e das vacas suíças. Elas são famosas pela qualidade do leite que produzem, graças a pureza das montanhas. Vai saber se é isso mesmo mas, não discordo que os queijos e os iogurtes daqui são realmente únicos e deliciosos.

Ir a um supermercado por aqui é um exercício de autocontrole descomunal. Eu evito o corredor dos chocolates pois aprendi que se compro, como. Se não tenho, vivo bem sem. Aprendi a ficar longe das tentações.
Mas apesar dos esforços de ficar longe, aqui geralmente levamos vinho e chocolates quando visitamos alguém. Quando recebo uma caixa, faço como minha avó fazia: escondo. Tiro da minha frente e só como de tempos em tempos e um só, para matar a vontade. Achava que escondia bem até o dia que peguei Meu Suíço no flagra, assaltando o esconderijo. “Deixei o último pra você”. Safado! Pelo visto vou ter que encontrar outro canto para esconder a tentação.