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Festa nos vinhedos Suíços

Não tem nada mais autêntico que visitar uma vinícola, conhecer seu proprietário e degustar os vinhos olhando para as videiras de onde eles saíram. Melhor ainda é receber um convite para uma festa por lá!

Temos a sorte de morar a dois quilômetros de uma propriedade antiga maravilhosa, um Domaine do século XIX cujo proprietário é um Suíço Alemão para lá de simpático, com um sorriso delicioso, e que fala francês e inglês perfeitamente. Além de produzir um vinho de qualidade altíssima, diversas vezes premiado, David é um excelente anfitrião. Sempre tem gente por lá!

Ele nos recebe com seu sorriso super acolhedor e sincero e prontamente abre uma garrafa de vinho. Claro!

Imediatamente você se sente em casa!

O Domaine é um lugar mágico. A construção se impõe em volta de um pátio. Tudo é integrado, a pequena sala de degustação, o escritório, o armazém onde fica o estoque, a casa dos funcionários, a casa das máquinas e a casa onde ele vive. Deve ser até difícil impor um limite nas pessoas que se sentem tão bem e vão ficando, ficando, ficando...

Embaixo da casa existe uma escadinha decorada com garrafas magno vazias e muitas heras. Descendo você chega em uma cave fechada, destas bem antigas, de pedra, sem janelas, onde acontecem as festas no inverno. As festas no verão acontecem em volta do pátio.

Pelo menos duas grandes festas anuais acontecem por lá. Uma no final de agosto, início de setembro, quando as uvas já estão amadurecendo na expectativa da colheita e outra no final de novembro, início de dezembro, onde a safra do ano é apresentada.

E é claro que eu vou nas duas!

David é também talentoso em marketing. Sempre suas festas têm uma razão, um tema, uma proposta. Claro que os vizinhos e apreciadores de vinho enchem a propriedade em minutos.

Ano passado ajudei a decorar o pátio do Domaine para a festa de verão. Coloquei velas nas garrafas de vinho vazias pois foi naquela festa ele apresentou os novos rótulos da casa, que foram mudados do clássico para um com um toque mais moderno.

Na festa do inverno fui apresentada pela primeira vez ao Chaudron, um tacho antigo, daqueles que as bruxas usam para fazer feitiçaria, que colocado em um canto da cave, serviu uma sopa deliciosa para mais de 200 pessoas. Um charme! Procurei desesperadamente um para mim mas não encontrei.

Este ano, final de agosto, a festa foi para lançar um filme do Domaine. Fizeram um vídeo de 18 minutos contando a história da propriedade e promovendo os produtos de lá. A propriedade passou de mãos em mãos pelos membros da família Kind até que David a comprou. David é enólogo, agrônomo e administrador. Focado na qualidade, abriu mão da quantidade cortando as videiras para concentrar sabor e açúcar em poucas mas distintas uvas.

Na festa com mais de 300 convidados era possível encontrar vizinhos, autoridades e pessoas de todas as idades, inclusive crianças, que enlouqueceram em volta da fogueira.

Na Suíça os pais levam as crianças para todos os lugares. Como a mão de obra é muito cara, babá é artigo de luxo. Ou os pais enterram a vida social deles, ou incorporam os pequenos nos planos. E todo mundo faz assim. Os pequenos aprendem desde cedo a se comportar socialmente e a se entreter sozinhos. Uma graça. Alguns, cansados, dormiam em volta da fogueira.

Mas esta última festa foi especial. Uma imensa tela foi colocada no pátio com cadeiras e mesas. Um bufet servia três opções simples de pratos. O vinho era da casa, óbvio! A transmissão do vídeo começou quando escureceu um pouco. Perfeccionista, David encomendou uma lua cheia imponente para iluminar todo o pátio. Uma fogueira gigante foi acesa e uma banda de rock bem tradicional tocou os clássicos que todo mundo com mais de quarenta adora ouvir. Claro que embalados pelo cenário contagiante, o povo começou a levantar e dançar alí mesmo naquele pátio onde cavalos provavelmente estacionavam.

A festa começou as 18:30 e sei lá a que horas terminou. Eu e Meu Suíço saímos depois da 1:30, quando o rock ainda rolava bem solto.

Claro que fomos para lá a pé, e assim voltamos. Por princípio não bebemos e dirigimos.

O vinho fez com que os dois quilômetros que separam nossa casa daquele lugar encantado ficassem mais longo aquela noite. Mas a lua se encarregou de iluminar o caminho entre os vinhedos e chegamos bem. Felizes. Alegres. Prontos para outra!

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