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Domingo na Suíça

Adoro caminhar. Não só dá tempo de ver tudo com calma, e em detalhes, mas também é libertador. Sem pressa, os passos ritmados liberam a mente. É caminhando que me inspiro.

Domingo por aqui é um dia sem comércio, com quase tudo fechado. A filosofia é simples: os funcionários dos estabelecimentos comerciais precisam desfrutar da vida em família. É dia de subir montanha, é dia de caminhar por aí. Se o tempo é bom, visto meu tênis e saio andando.

Saindo de casa tenho opções de seguir várias rotas. Direção sul vou para o lago, o norte me leva para uma área rural linda, pelo leste tenho floresta e rio para explorar e andando para oeste encontro comércio e plantações. Dependendo do humor, e da previsão do tempo, escolho a direção e saio por aí.

Fiz uma caminhada mais longa neste domingo. Já com o pé no outono, o dia de sol quente foi convincente me convidando para andar. Juntei o sul e o oeste e andei por duas horas na vizinhança.

A menos de 500 metros de casa encontrei estas abóboras a venda! Uma curiosidade daqui é que pequenos agricultores deixam muitas vezes suas produções a mostra, com preços indicados, e cada um se serve, deixando o valor pelo produto escolhido em um cofrinho. Civilizado demais!

Passando pelo lago cruzei com quase a cidade inteira. Aqui é assim, se faz sol o povo sai para as ruas, ainda mais no final do verão, quando o inverno começa a mandar lembretes que está chegando com brisas frias no início e no final do dia. O lago é a praia daqui!

E fui andando, sempre acompanhada de um cenário emoldurado de montanhas. Lembrei de uma exposição que visitei em Genebra, sobre pintores russos. O curador mostrou um quadro de um russo famoso que viveu aqui por algum tempo e que pensavam ter sido pintado a Suíça, uma vez que tinha vacas e vegetação bem típica. Não foi, afirmou categoricamente o curador que continuou, pelo horizonte, pintado sem nenhuma montanha, percebe-se que este quadro foi pintado na Rússia, a partir de lembranças da Suíça. Verdade, aqui sempre as montanhas estão nos rodeando, não tem como fugir delas.

E segui pelo meu caminho secreto, um lugar super calmo que não passa carros, somente os tratores dos produtores locais. Lá passei por um campo onde havia sido plantadas cebolas, sei porque o perfume ainda persistia no ar. Tenho um olfato de farejador!

E suavemente aquele odor forte da cebola mudou para o delicioso cheiro de maçãs, prontas para serem colhidas. Lindas.

Fiquei até tentada em sumir com uma maçã de lá. Sem cercas, e sem ninguém em um raio de um quilômetro, meu pequeno delito passaria totalmente desapercebido. Mas não consegui! Viver em um país onde as coisas funcionam porque o respeito existe nas pequenas coisas é uma responsabilidade imensa que nos impede de agir egoisticamente!

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