
Sempre fui muito ao Rio de Janeiro, cidade que adoro e onde tenho primos queridos.
Lembro de uma viagem especial, em Outubro de 2000, quando fui passar um feriado prolongado e pedi a minha tia e minhas primas que fizéssemos turismo no Rio. Foi um sucesso, divertidíssimo. Namoramos juntas esta cidade maravilhosa. Fui com minha máquina fotográfica, naquela época não tinha iphone, e registrei o novo Rio que só conheci aqueles dias. Um Rio visitado com olhos de turista.
Depois desta viagem, calibrei meu olhar para turistar, por onde quer que eu ande. Literalmente, pois andar a pé ajuda muito nas descobertas.
Morando em Lausanne, e vivendo as incertezas de um futuro indefinido em um inverno cinzento e frio, vestia minhas botas, meus casacão e ia para o lago, o lugar mais lindo daqui, para me lembrar do porque que eu insistia demais na ideia de mudar definitivamente para cá.

Quando finalmente minha situação se definiu, indo trabalhar, fazia o caminho mais comprido, aquele com vista para o lago, pois prometi a mim mesma não me acostumar com a beleza daquela cidade.

E ainda faço assim, até hoje namoro Lausanne! E namoro também todos os lugares que visito. Andando fico atenta as coisas bonitas e curiosas que me rodeiam. É como viajar todos os dias... quer vida melhor?

Hoje fui para minha nova ginástica, em Lausanne. Peguei uma carona com Meu Suíço, que excepcionalmente foi de carro, e não de trem, trabalhar. Para não desviá-lo muito, última vez que fomos juntos pedi que me deixasse a três quarteirões de lá. Hoje pedi que me deixasse em um parque perto de onde eu morava, um pouco mais longe que da última vez mas muito mais bonito.
Liguei meu olhar de turista. Enquanto apreciava o silencio daquele parque no inverno, um esquilo passou na minha frente comendo alguma coisa, parou e ficou me encarando. Procurei na minha bolsa meu telefone com todo o cuidado, sem gestos brutos, para não assustar o bicho. Mesmo assim ele, arisco, subiu a árvore e lá em cima ficou. Tirei uma foto e continuei minha caminhada.
Na ginástica constatei que minhas meias antiderrapantes não estavam mais na minha bolsa. Meias que tenho há mil anos, compradas em Campos do Jordão, velhinhas, desbotadas mas queridas. Único par antiderrapante que tenho. Pedi um par emprestado na escola mas fiquei bem intrigada pois tinha certeza que elas estavam na minha bolsa. Na saída da aula, devolvendo o empréstimo e justificando a falta do par, disse a professora que elas deveriam ter caido no parque, quando tirei minha máquina da bolsa. Ela então me encorajou: “Volte lá, se caíram, ainda estarão lá”.


De longe vi pendurada na árvore minhas meias, não muito discretas.
Gentileza gera gentileza, pensei. Já pendurei dúzias de objetos por aqui, chegou minha vez!

Quer ler mais sobre este hábito de penduras coisas?