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Gatos e cachorros na Suíça

Dizem que as pessoas são também classificadas pelas preferencias entre gatos ou cachorros. Sou definitivamente cachorro. Odeio gatos.

Uma vez, sentada sozinha em um sofá na sala de amigos, o gato da casa teve um ataque histérico e saiu pulando pelos quatro cantos enlouquecidamente. Ficou eriçado, como nos desenhos, mostrando as garras feito um louco. Eu assustada, cobri meu rosto com as mãos e assumi a posição de pouso forçado. Sobrevivi ao ataque sem arranhões mas ficou o trauma. Lembro como se fosse hoje. E não gosto nada da lembrança.

Já tentaram me convencer que gatos são mais limpos, mais independentes e etc. Não gosto e pronto.

Em casa sempre tivemos cachorros. Teve o Vilijo, o Esparadrapo, o Rocky, o Thor, o Mokba, a Pipoca, o Lotus, o Kzar e tantos outros. Tive até um bolo de cachorro no meu aniversário de um ano, ou melhor, um bolo que deveria parecer com um cachorro!

Estou atualmente convencendo o Meu Suíço que precisamos recorrer a uma adoção. O único problema é quem pegará as sujeiras do animal. Enjoo só de pensar.

Para minha surpresa, diferente do Brasil, aqui na Suíça encontro gatos para todos os lados, não cachorros. Demorei para entender o por quê. Aqui os donos de cachorros são responsáveis de verdade pelos seus cães. O cachorro suíço tem um chip implantado sob sua pele, o que permite que este seja monitorado, e seus donos responsabilizados, em caso de acidentes.

Os donos têm que ser treinados para adotar um animal. Existe um curso obrigatório para quem quer adotar um cachorro. Nele, o futuro proprietário aprende suas responsabilidades e aprende também a controlar o canino. Cachorros perigosos são monitorados e muitas vezes detidos. Se o cachorro não for educado e colocar pessoas em perigo, adeus. Adeus mesmo. O coitado é denunciado e pode até receber uma injeção letal.

Mas não para ai. Eles também pagam impostos. Claro, pois em várias esquinas estão disponíveis sacos plásticos para recolher as sujeiras nojentas e garantir que estas não sejam deixadas em lugares públicos. E a lógica é: se eu não tenho cachorro, porque deverei pagar pelos sacos plásticos deles? Desta maneira os pais adotivos do canino que paguem pelas despesas. E pagam. Pagam imposto estadual e communal, que podem chegar até CHF 180/ano em Vaud.

E as responsabilidades de um dono de cachorro não acabam por ai. Adotou, tem que comunicar. Mudou de casa? Tem que registrar o cão. Ele morreu, precisa dar baixa. É coisa séria, de verdade.

E os gatos? Neca... eles podem tudo. Daí ter gato para todos os lados na Suíça.

Nossos vizinhos têm um gato, Max. O gato é o perdedor do quarteirão. Um covarde. Apanha de todos os gatos da vizinhança, vive assustado, arisco. É medroso.

Eu já disse desde o começo que não gosto de gato mas Meu Suíço resolveu adotar o Coitado da porta para fora. Na porta de nossa casa tem uma vasilha para alimentar o Bastardo com a ração sabor Salmão, que mora dentro de uma caixa na entrada da casa. E o Gato sabe, pede comida na nossa janela todas as manhãs. Abrimos a persiana e ele pula na janela, e fica lá, miando e se alongando, tentando chamar nossa atenção. Meu Suíço abre então a porta e coloca a comida do Infeliz. Diz que o Max é amigo dele. Fazer o que?

As vezes Ele me aborda, quando saindo de casa, e pede ração. Não gosto dele, e nem de nenhum felino, mas não tenho coragem de deixa-lo faminto. E Max sabe disso, e abusa da minhas hospitalidade. Alimento o Guloso, que desconfio que tenta ganhar meu coração. Pode esperar sentado.

Cada dia sou mais cachorro!

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