Eu voei de balão duas vezes. A primeira na África do Sul, sobrevoando um parque natural. Lá de cima ví animais e o dia amanhecendo. Se fechar os olhos ainda consigo sentir aquela sensação sublime da primeira vez. A segunda em Chatêau-d’Oex, aqui na Suíça. Foi uma coisa mágica, romântica e indescritível.
Sobrevoar as montanhas dos Alpes sentindo o ar frio do inverno no seu rosto é algo a ser vivido.

Com uma elegância ímpar, o balão sobe tranquilamente, sem trancos, sem estresse. A gente vai se acostumando com a altura e conquistando devagar o silêncio da impressionante viagem.

Cada balão tem seu formato e sua própria capacidade portanto, não dá para generalizar mas o que mais me impressionou foi que na pequena cesta cabe gente a beça. E não tem porta, tem que pular para entrar! Achei que fosse ser uma muvuca dividir aquele espaço reduzido com um monte de gente animada mas não, cada um fica tão absorvido pela magia da viagem que parece que a gente está lá, flutuando sozinho.



O que é divertido é que a gente nunca sabe direito qual o percurso que nos reserva. É a combinação de ventos e de temperaturas que determina a velocidade e a rota a ser seguida. Claro que o piloto está lá, pronto para reagir e influenciar as variáveis, mas a viagem não é tão precisa quanto uma saída de carro. Faz parte do charme se deixar levar.

Quando voei nos Alpes, saímos em uma tarde linda, céu azul ensolarado em um dia de inverno muito frio. Muitos balões saíram no início da tarde, pois o tempo de manhã não estava muito bom. Congestionamento nos Alpes. Vista ainda mais espetacular, muito impressionante ver todas aquelas cores espalhadas em terceira dimensão.


O nosso piloto pensava que aterrissaríamos perto de Gstaad mas os ventos nos levaram um pouquinho além. A queda foi divertida pois caímos em um terreno onde a neve estava fresca. Na hora que desci lembro que a neve tinha mais de um metro. Vire-se para sair daí. Faz parte da aventura!

Até a chegada do carro que nos acompanhava, nos foi solicitado ajudar a segurar o balão. Foi engraçado brigar com o vento e manter o brinquedo em terra firme. E a gente não imagina o quanto ele é imenso até ter que segura-lo. Você se apega ao balão e logo se sente parte da tripulação. Lembro que foi divertida a experiência de descer de um voo e ter que cuidar da nave, o equivalente a descer no aeroporto e ter que limpar e esvaziar o avião.

Uma esperiência sublime ver os Alpes lá de cima, sentindo o vento fresco no rosto e percebendo a dimensão destas montanhas fascinantes. Uma das coisas bonitas que fiz por aqui. Recomendo.
Para os interessados, de 23 a 31 de Janeiro acontece na Suíça, em Château-d’Oex, a 38ª edição do Festival Internacional de Balões. É possível reservar vôos e desfrutar da experiência única e inesquecível que é voar sobre as famosas montanhas Suíças.
Para quem não quer voar, só assistir já é um super programa. É mágico ver as cores e formas diversas dos balões contrastando com a neve e o intenso céu azul do inverno.

O festival é internacionalmente famoso acolhe balonistas de mais de 20 países diferentes. É ponto de encontro tradicional para os amantes e praticantes. Mais de 100 balões diferentes desfrutam do microclima excepcional da região para participar anualmente deste encontro.
Criado por Hans Bücker e Charles-André Ramseier, antigo diretor do escritório de turismo de Château-d’Oex, o festival começou informalmente com a proposição de voos para turistas visitando a região no inverno. Com o sucesso imenso da iniciativa, foi formalizado o festival, que em 2016 apresenta sua 38ª edição.
O primeiro balão que rodou o mundo sem parar saiu de Chatêau- d’Oex em 1999. A viagem durou 20 dias. Detalhes desta aventura podem ser vistos no museu, localizado no centro desta pequena e charmosa cidade.
Para quem só for assistir, vale a pena explorar os museus e os cafés desta cidadezinha encantadora. Mas vou avisando, vai ser duro não ser tentado a sair voando por lá!