
Moro em St-Prex há dois anos e Meu Suíço mora aqui há mais de dez. Em uma cidade de 6000 habitantes, com festas e boa integração entre os vizinhos, posso dizer que conhecemos bem a vizinhança. Mesmo assim, para minha sorte, as vezes me surpreendo.
Em dezembro, no meio da correria das Fenêtres, um casal de franceses super simpáticos, sabendo que apreciamos um bom vinho, nos convidou para acompanha-los a vinícula Marcy, aqui pertinho. Topamos, claro! O programa começava as 11 da manhã mas consegui negociar para 12:30. Adoro acordar devagar!
Ainda não tinha ido no tal Domaine de Marcy. Conhecemos e adoramos a vinícula Terre Neuve, localizada a dois quilometros de casa. Não só adoramos como ficamos amigo do proprietário, um suíço alemão que além de ser um vinicultor muito competente, é super gente boa. Vamos a pé quando tem evento por lá e inúmeras vezes servimos os vinhos de lá em nossa casa. Acho um charme servir vinho do vizinho.

Eu sempre me gabei de morar tão pertinho de uma vinícula mas, para minha surpresa, Marcy fica a 800 metros daqui. Mais perto só se fosse dentro do meu quintal!
É tradição dos vinicultores suíços organizar um dia “Portes ouverte”, portas abertas, na época do Natal. É a festa de confraternização anual e um importante evento de marketing, onde é degustada a nova safra e muitos pedidos são colocados.

Confesso que não esperava muito do lugar. Já havia degustado o vinho deles, e não fiquei muito impressionada.
Saímos a pé, claro, em um dia frio com muita neblina. Fomos recebidos em um galpão rústico, onde uma massa gostosa era servida aos convidados. Uma garrafa de Chasselas e outra de Gamay foram colocadas na nossa mesa pelos proprietários, que nos serviam com sorrisos acolhedores. O clima bem informal e amigável me conquistou. Gosto bem de uma festa com bons anfitriões.


Eu, tentando me recuperar de uma gripe, não estava no meu melhor dia para degustação mas mesmo assim entrei na dança. Vinho fácil de tomar, sem grandes pretensões.
Aprendi aqui na Suíça que nem todo vinho precisa ser pretensioso. Como tomar vinho por aqui é um hábito, muitas vezes ter um vinho descomplicado é bastante conveniente. Quando é para simplificar, prefiro os brancos. Não sou muito amiga de Gamay, então ataquei de Chasselas.
E ficamos lá, contando histórias e desfrutando da hospitalidade dos vizinhos vinicultores.

Eu já estava feliz com o programa e pronta para ir para casa quando fui surpreendida com o convite de visitar a cave. Oras, pensei, mas não é aqui?
Deixamos o galpão improvisado e entramos em uma portinha. Descemos umas escadas e do nada aparece uma cave super charmosa, onde a pequena produção é processada. Ao lado desta, uma sala moderna porém acolhedora, onde alguns espertos degustavam os melhores vinhos do domaine.

O Domaine de Marcy produz mais de dez tipos diferentes de vinhos, incluindo um espumante. Na tal cave charmosa acontece toda quinta feira um happy hour com tapas feitas pela propria proprietária. A cave pode ser alugada para eventos e festas. Adorei saber.
Os vinhos que degustei eram bem mais interessantes que esperava. Não sou a maior fã do mundo dos tintos suíços, acho caros comparados com as infinitas opções dos países vizinhos. Mas confesso que alguns me surpreenderam, principalmente o Merlot.
E assim terminou nossa tarde de sábado... muito vinho, muita conversa e mais um endereço charmoso descoberto.
A vida é dura em Saint Prex, e os vizinhos não ajudam!
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