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Cachorro na Suíça – Parte 1: Escolher, analisar, aprender

Ganhei um cachorro de aniversário! Bem, um cachorro ainda não. Afinal, aqui é a Suíça!!

O que ganhei mesmo foi um vale cão, com um cartão lindo e um livro de 352 páginas só sobre cachorros. Ganhei a biblioteca dos cães. Junto veio a responsabilidade de me aprofundar, entender o caminho das pedras e descobrir onde estamos nos metendo.

Já fazia um tempo que eu e Meu Suíço discutíamos a ideia de comprar um cachorro. Eu insisti e ele inicialmente concordou. “Comparamos depois da nossa aposentadoria”. Não me convenci. A aposentadoria, se Deus quiser, ainda vai demorar. Continuei com minha campanha canina. Teve até discussão séria sobre o assunto, uma das poucas brigas que tivemos. Quem me conhece sabe da minha determinação (ou teimosia?). Só arrego quando sou convencida com um argumento sólido. Ele percebeu. Cedeu.

Bom, li o tal do livro, comparei raças, aprendi algumas manhas e finalmente fiz uma micro seleção das raças com as quais me identifiquei.

Ele partiu do sumário que fiz e selecionou o que sempre falamos que queríamos. Desconfio de carta marcada.

Meu Suíço, depois que deu a carta branca para mim, só fala no cachorro. Impressionante. Vestiu literalmente a camisa e está empolgadíssimo. Acho que está até mais animado que eu. Eu sempre soube que suíço é comprometido mas sinceramente, ainda me surpreendo positivamente com o meu!

E conversamos muito sobre o que procuramos. Queremos um cachorro que seja ativo, fácil de educar, de porte médio para grande, mas não imenso, que não precise levar em pet shop direto e que seja bacana e agradável com os outros. Sim, porque aqui na Suíça os cachorros vão até em restaurantes.

Meu cachorro vai ser legal, receptivo, cheiroso e bem vindo. Não quero ninguém fazendo cara feia pro meu cão! Aqui, onde muitas vezes viram a cara na chegada de crianças, os cães são bem vindos. Claro, são obrigados a serem educadíssimos!

Só tenho ainda uma dúvida quanto aos pelos e cheiro. Para ser sincera, tenho horror de casa que cheira a cachorro. E pior, sei que normalmente os donos não percebem o fedor. Tenho pavor de acabar refém de uma casa fedida, ou apaixonada por um peludo mal cheiroso.

E tem o lado prático. Aqui não tem empregada todo dia, aliás, temos 3 horas por semana. Quem vai cuidar do cão somos nós, o que significa limpar o chão no período que ele não estiver educado. Passar aspirador para tirar chumaços de pelos e etc. Alimentar. Precisa querer muito porque dá até preguiça de pensar.

Somos um casal notívago e sem filhos. É complicado saber que teremos que acordar cedo para levar o cão para a rua. Passear com ele. Nós amamos andar, somos verdadeiros andarilhos, mas alguns cães precisam andar até 2 horas por dia, se não, mastigam a casa inteira ou viram cachorros obesos. Tô fora!

E aqui tem neve. Tem frio. Vejo donos caminhando na chuva. É tudo diferente.

Adotar um filhote aqui é um compromisso sério e tem lei e regras.

Antes de qualquer coisa é necessário que seja feito um curso teórico, de sensibilização, onde explicarão em 4 a 6 horas as obrigações, os perrengues e os custos de ter um filhote. Tenho a impressão que vão botar medo na gente. Para desistir. Tocar terror para ver se agente é forte e determinado para tal passo. Deste curso teórico resultará um certificado.

Hoje fui a prefeitura explicar que sempre tive cachorros na casa dos meus pais. Queria tentar fugir do tal curso desmotivador. Neca. Pediram uma prova que já tive cachorros. Prometi mostrar umas 20 fotos minhas, com diferentes idades e diferentes cachorros. Neca. Tem que ter cartão de vacinação ou passaporte oficial. Oi? Desta vez desisti.

Se não tiver o certificado do curso teórico, o canil não pode vender o filhote. E se encontrar um que venda, a coisa vai parar no certificado de vacinação emitido pelo veterinário. A vacinação também é necessária para poder registrá-lo na prefeitura. Sim, porque aqui cachorro é registrado e paga imposto! Sem registro o cão é ilegal. E você também! É a máfia do cão legal!

Consegui o tal curso de sensibilização. Duas aulas a noite, de 3 horas cada. Liguei para Meu Suíço, que não vai conseguir escapar desta roubada. Ele respirou fundo e perguntou: “Mas já? ”. Sinceramente, acho que ele esperava por mais alguns meses, já que aqui tudo leva tempo.

Desolée mon chérie, amanhã será dada a largada.

Depois conto mais....

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