
Este final de semana fui para Leysin, uma estação de esqui familiar e tradicional dos Alpes Suíços. A previsão do tempo era excepcional e sinceramente, não decepcionou.
Eu adoro andar de raquetes na neve, o famoso snowshoeing. É uma opção fantástica para quem não esquia mas gosta de curtir a paisagem de inverno. Nunca havia ido com uma guia, desta vez experimentei.

Novinha, Corinne nos recebeu super animada no hotel. Falando francês e inglês fluente, com um entusiasmo contagiante, logo nos conquistou. Fomos até seu carro, onde as raquetes e bastões nos esperavam. Solícita, ajudou todo mundo a ajustar os snowshoes garantindo segurança e conforto.
Do carro dela pegamos um ônibus e duas paradas depois estávamos em um bairro residencial rodeados por chalés lindos. A rua do nada acabou e caímos em uma floresta. Jamais saberia que aquela floresta estava lá. Calçamos então nossos esquipamentos e começamos a subir.

Eu no início estranhei um pouco seguir um grupo, normalmente faço minhas caminhadas na neve sozinha, ouvindo o silêncio, que adoro. Mas Corinne logo na primeira parada me convenceu de que a experiência valeria a pena.
Acompanhante de montanha é o título da formação que ela fez. Três anos estudando um pouco de tudo : vegetação, pássaros, animais silvestres, clima, geologia, segurança e sobrevivência e tudo mais que pode aparecer quando se está nas montanhas.
Não só ela sabia o que estava falando como me pareceu apaixonada pela profissão. Ela confirmou que quando se ama o que se faz, é impossível fazer mal feito. Nos envolveu contando os segredos da floresta que estávamos. Coisas simples como a adaptação das árvores ao clima viraram em sua boca uma fábula. Convenceu a todos que estávamos em uma floresta encantada.

Paramos um pouquinho para admirar uma vista absolutamente maravilhosa. Ela nos surpreendeu com um chá quente, que carregava em sua mochila. Não só era sabida como estava em perfeita forma. Tirou água, chá e copos descartáveis de suas costas.
Nos contou sobre um pássaro lindo, de cabeça vermelha, o Pic Noir, que faz buracos enormes nas árvores para extrair insetos. Entusiasmada, mostrou no livro o pássaro, que cantava em algum lugar próximo de onde estávamos. A tal ave, para aguentar a pressão das marteladas, tem uma língua que circula sua cabeça, funcionando como um amortecedor. Interessante a natureza.

A floresta acabou em uma pista de esqui, que acompanhamos em fila indiana por alguns minutos. Lugar lindo, calmo, sublime.
Descemos um monte de neve fofa, nossa versão de « off piste » e chegamos ao nosso ponto final. Devolvemos os equipamentos e nos despedimos.
Aprovei ter uma guia de montanha. Faz diferença ter alguém que saiba escolher a trilha adaptada ao grupo, ouvir as histórias, observar os detalhes e simplesmente ser levada, relaxando e viajando na floresta certamente encantada. Bravo Corinne !

Mas no dia seguinte eu e Meu Suíço vestimos novamente as raquetes, desta vez sozinhos, e curtimos o silencio maravilhoso que a neve nos traz.

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