Não tem coisa mais chata que os procedimentos de chegada em um aeroporto.
Primeiro, todo mundo demora uma vida para sair do avião. No inverno só piora, com todos os casacos a serem vestidos. Depois, aquela andação sem fim até a imigração. Impressão minha ou os aeroportos estão ficando maiores e maiores? Até finalmente culminar na inevitável espera pela chegada das malas. Se ela chega, alívio. Se chega danificada, estresse. Se não chega, mantemos as esperanças até a catastrófica parada da esteira, quando a viagem acaba no departamento de bagagens.

Ontem fui buscar Meu Suíço no aeroporto, que chegou quase a meia noite de uma viagem de negócios. Logo notei que sua mala nova apareceu mancando. Faltava uma das quatro rodinhas. Imediatamente meu lado de quem já teve algumas malas danificadas em viagens, reagiu “Volte lá e preencha o tal do formulário”. Ele, cansado de uma agenda sem fim em Budapeste, disse que não faria nada e depois providenciaria a colocação da rodinha. Abriu mão do direito pelo sossego.
É sabido que se o passageiro notar qualquer avaria nos volumes despachados, deve dirigir-se imediatamente ao departamento de bagagens, geralmente localizado perto das esteiras. Porém, como a maioria chega louca para ir para casa, geralmente cansada das formalidades de uma viagem, acaba deixando para lá.
O que as pessoas não sabem é que, se passar batido no aeroporto, a maioria das companhias aéreas dão 7 dias de prazo, a partir da chegada do voo, para que reclamações sobre danos nas bagagens sejam registradas e os documentos enviados.
Só que a gente chega em casa, abre as malas e arranca aquele bando de estiquetas horrorosas. Pois é, exatamente ai que mora o problema.
Como já resolvi este problema para mim algumas vezes, pedi a Meu Suíço seus documentos de viagem: boarding pass com recibo de bagagem. Fotografei o estrago e depois tirei cuidadosamente o ticket de despacho da mala.

Com tudo em mãos, entrei no site da Swiss, que instruía o preenchimento online de um formulário. Só que na hora do enviar, o formulário não ia por nada deste mundo. Liguei então para Serviços ao Cliente. Expliquei o caso e passei as informações ao gentil atendente, que prontificou-se a preencher meu formulário enquanto eu ditava números e nomes. Anotei o número do processo.
Me foi explicado então que deverei levar a mala a uma loja de bagagens e pedir um orçamento do conserto. Se não tiver conserto, obter orçamento de uma mala similar. Com os documentos em mãos, a Swiss me reembolsará.
Simples não? Nem sempre...

Uma vez, quando ainda morava no Brasil, tive uma bagagem cara danificada em uma viagem onde voei TAM. Me deram uma canseira danada passando a ligação de funcionário para funcionário, pedindo cada vez mais informações e detalhes, me esquecendo no telefone ouvindo aquela musiquinha de espera. Parecia até que queriam me fazer desistir. Mas não, insisti, documentei tudo, comprei a briga. Ligava diariamente para acompanhar o processo aliás, ligar para o departamento de bagagens da TAM passou a ser minha rotina durante um longo mês, como escovar os dentes. Finalmente, depois de um dossiê enorme, perceberam que não se livrariam de mim e reembolsaram parte do dano. Não fiquei feliz com a TAM e nunca mais quis voar com eles. Pode ser que eles tenham melhorado mas, sinceramente, me perderam nesta palhaçada com a falta de respeito e profissionalismo.
Mas existe gente competente.... em uma viagem para a Africa do Sul, chegando em Joanesburgo, percebi que arrebentaram minha mala inteira. Fiz o procedimento burocrático no aeroporto mas avisei que só providenciaria o conserto na minha volta para Lausanne, depois de umas três semanas. Comprei então um rolo de Silver Tape e mumifiquei minha mala inteira, para suportar ainda algumas viagens programadas antes de voltar. Um mês depois passei em uma loja da Samsonite com a múmia. Eles atestaram que não seria possível o conserto e emitiram um o preço com o valor de uma mala similar nova. Pensei que teria problemas uma vez que o modelo da minha havia sido descontinuado. Dia seguinte recebi uma mensagem pedindo desculpas novamente pelo ocorrido, pedindo meus dados bancários e informando que depositariam em 24 horas o equivalente a nova mala, mesmo valor do orçamento apresentado. Na condução deste processo a British ganhou minha fidelidade como cliente. Passou do inferno para o céu. Hoje, em condições similares de preço, sempre opto pela British.
Tive também um problema com a Swiss, há uns quatro anos atrás. Resolveram a situação, não tão brilhante e rapidamente como a British o fez, mas se responsabilizaram e, depois de desvalorizar uns 20% a bagagem, enviaram um cartão de débito com o montante acertado creditado. Não morri de amores mas me senti recompensada.
Vou ver como a Swiss conduzirá este caso e, se tiver surpresas, boas ou ruins, contarei.
Agora, cá entre nós, sortudo mesmo é o Meu Suíço. Além de ter sido buscado a meia noite no aeroporto, ainda vai ter o problema da rodinha resolvido. Mas é que ele anda merecendo. Ainda bem!