
Discreto, como o próprio Suíço, o vinho suíço foi chegando devagar e conquistando sem pressa seu espaço no mercado. Surpreendeu muitos ao ser escolhido em 2014 como uma das revelações da hora. Mais e mais se fala nele, com curiosidade e admiração.
Além de um gosto peculiar, um capricho quase que artesanal em sua produção e variedades que permitem assemblages interessantíssimas, o vinho suíço tem a seu favor uma pequena produção e milhares de consumidores fieis. Resulta que sobra somente 1% do que é produzido para mostrar para os amadores de vinho do mundo. Quem não gosta do gostinho de experimentar uma exclusividade? Pois é, o pessoal tem se batido pela exclusividade suíça.

Conhecer o universo do vinho suíço é fascinante. Como são produzidos por pequenos produtores, é preciso circular bastante para poder explorar as raridades que se encontram escondidas nos vinhedos milenares e deslumbrantes. A tarefa não é árdua mas demanda tempo e conhecimento. Os melhores não são os maiores. Não raramente os melhores se escondem atrás das inúmeras atividades que este charmoso trabalho demanda e não têm tempo de estar por todos os lados. Precisam ser encontrados.
Uma das feiras mais interessante para encontrar produtores locais e conhecer as novidades das vinícolas é a ARVINIS. Feira anual que acontece em Morges, estrategicamente atrás da estação de trem, durante seis dias na primeira quinzena de abril.

O universo Arvinis é amplo e não restrito. Encontram-se vinhos de todas as nacionalidades mas noto uma densidade cada vez maior de vinhos suíços. Produtores, comercializantes, intermediários e amadores de vinhos estão por lá.
Funciona assim, a gente compra um copo e com ele passa nos mais de 150 stands para degustar até 2,500 tipos diferentes de vinhos. A feira recebe mais de 20,000 pessoas de todas as idades, gostos e conhecimentos enólogo.
Existe na programação formal degustação com enólogos, competição para premiar as melhores produções e alguns cursos para quem quiser ampliar seus conhecimentos.

Dois restaurantes ficam disponíveis e em cada esquina uma fonte com água potável pois afinal, a gente acaba precisando hidratar!
O que é charmoso é que os próprios produtores nos atendem. Todos podem degustar sem ter a pressão de comprar vinhos. Mas geralmente os Suíços frequentam a Arvinis para encher suas adegas e acabam colocando os pedidos diretamente com os produtores, o que confere um charme especial ao vinho comprado.
Eu particularmente gosto de ir entre amigos. Discutimos o que degustamos sem a rigidez de ter que acertar nos comentários. Invariavelmente saímos de lá para jantar em algum lugar em Morges, já mais felizes, rindo a toa. Normal.
Meu Suíço e eu não perdemos uma.

Este ano passando entre os stands reconheci um rótulo de um produtor de Lavaux e fui conversar com eles. Degustei vários dos vinhos produzidos por eles mas gostei especialmente de um Dezalay. Fomos atendidos pela irmã do proprietário, super simpática, que nos contou um pouco sobre a propriedade onde foi criada, já está na família por cinco gerações. A decoração do stand exibia com orgulho uma fotografia dos membros da família que trabalharam naquela vinha. Um charme. Ficamos de visita-lo. Acho interessante levar visitantes para conhecer algo assim, pequeno, particular e familiar. Eles adoraram a ideia!
Para quem quer conhecer sobre o vinho suíço, recomendo agendar Arvinis. Ano que vem acontecerá de 5 a 10 de Abril. Vale muito a pena!
Em casa temos uma coleção destes copinhos tipicamente suíços. Usamos para aperó, o happy hour daqui. Depois de cada visita a Arvinis, mais dois copinhos para a nossa coleção, que já perdi a conta de quantos tem.
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