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Lavar Roupas na Suíça


Quando mudei para cá não tinha a menor idéia de como lavar roupas. As roupas foram se acumulando e eu, no hotelzinho que morava durante minha pós graduação, não tinha a menor ideia de por onde começar.

Um amigo Chileno me mostrou o caminho das pedras: separar as roupas claras das escuras, comprar sabão e amaciante e um cartãozinho que era necessário para pagar os usos da máquina. Este cartão funcionava com um pré deposito e ia debitando os valores. Dependendo do ciclo da máquina era debitado mais ou menos. Nem preciso dizer que todo mundo na escola usava o ciclo rápido e com água fria. Coisa de estudante!

Mas este querido Chileno não me contou umas coisas que aprendi dando a cara para bater.

  1. A água aqui tem muito calcário, é o que chamam de água dura. Esta água pede mais sabão em pó que outras. Geralmente nas caixas do sabão vêm as instruções da quantidade de acordo com o tipo da água.

  2. Este calcário deixa as roupas brancas, com o tempo, meio acinzentadas. Para evitar esta coloração indesejável, é bacana colocar um produto que realça o branco. Existem paninhos e produtos líquidos. Vale o investimento.

  3. Os sabões são caros e concentrados. Vale ver a medida necessária para não gastar sabão a mais.

  4. Os supermercados fazem de tempos em tempos promoções de produtos de limpeza onde os preços chegam a cair até 50%. Em um país sem inflação, porque pagar preço cheio?

  5. Acidentes de descoloração acontecem. E é um saco. Para evitá-los, existe um paninho maravilhoso que absorve a tinta que algumas roupas soltam, evitando que estas atinjam outras roupas. É um espetáculo.

  6. Água mais quente = roupa mais limpa = mais difícil de passar.

  7. O sabão líquido pode ser jogado dentro da máquina dentro de um potinho plástico ou até mesmo a tampinha dosadora. O que não pode é colocar este potinho na máquina de secar.

  8. Assim que terminar o ciclo eu esvazio a máquina. Fica mais cheirosa e evita manchar roupas.

  9. Imprimi da internet uma lista dos símbolos de roupas, sabe aqueles que estão estampados nas etiquetas e que ninguém sabe o que significam? Pois é, agora eu sei. Esta lista, pregada na lavanderia, já me salvou de alguns acidentes.

  10. Evito o quanto posso a máquina de secar. Tenho um varalzinho dobrável que resolve muito bem as coisas.

  11. Um tira manchas faz milagres! Aplicar antes de lavar.

  12. Meias somem e as vezes, do nada, reaparecem.

A maioria das casas não tem tanque. No meu apartamento em Ouchy usava a cozinha. Sei que não é muito sedutor, mas é assim que funciona.

Muitos apartamentos dividem a máquina de lavar e de secar entre os vizinhos, tendo uma lavanderia comunitária. A organização depende de prédio para prédio. Alguns estipulam períodos para que a roupa seja lavada. Neste caso, prefiro a tarde, pois se atrasar dá para entrar noite afora. Outros apartamentos estipulam que quem chegar primeiro pode fazer o que quiser. Outros têm uma folha de reservas de horários. E alguns funcionam com fichas pagas, como na minha universidade.

Independentemente da organização escolhida, sempre odiei que alguém tocasse nas minhas roupas limpas. Acho anti-higienico. Ficava portanto ligada no horário da máquina para que quando o ciclo terminasse eu estivesse por lá para esvazia-la. Muitos deixam a máquina funcionando e vão fazer outras coisas. Além da possibilidade de manchar a roupa, a pessoa fica sujeita a alguém esvaziar a máquina por ela. Tô fora!

Muitos suíços, para evitar de dividir a máquina, compram uma máquina pequenininha e colocam no banheiro. Sim. É assim que funciona. Aí você fica independente e lava as roupas quando quiser, mas não mais tarde que 10 da noite, quando as casas têm que respeitar o silêncio.

Eu dividi máquinas quando morava em quitinetes, antes de mudar definitivamente. Não é a melhor experiência da vida. Depois dei sorte, morava em cima de um restaurante e tinha uma pequena máquina que lavava e secava dentro da minha adega. Luxo, para os padrões suíços.

Hoje moro em uma casa que tem lavanderia e tanque! Luxo dos luxos! Posso lavar as roupas quando bem entender. Coloquei cestos para separar as roupas sujas, um para roupas de cozinha, outro para roupas delicadas, outro para roupas claras e outro para escuras. Organização é tudo.

Uma coisa que ainda não descobri é onde vão parar as meias perdidas das pessoas que usam máquinas comunitárias.

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