
Acho passar roupas um dos serviços domésticos mais improdutivo que existe.
Quando fiz minha inscrição para a pós graduação em hotelaria, fui avisada que o traje na escola era business formal. Estranhei. Homens de gravatas e mulheres de terninhos e tailleurs. Eu achava que estaria em um sabático informal. Enfim, não me agradou muito não mas era assim e pronto.
Logo nos primeiros dias entendi que salto alto eram incompatível com as ladeiras de Glion e que camisas de algodão eram também mega incompatíveis com minhas habilidades de passar roupa.
Comprei um ferro de passar roupas. Obviamente, não comprei o top dos ferros, economia porca..
Aprendi algumas lições:
Quanto menos se sabe passar roupas, melhor deve ser o ferro.
Roupas secas na máquina de secar quando saem quentinhas da máquina não amassam, se dobradas imediatamente.
Outra dica top é secar as roupas diretamente nos cabides que vão para o armário. Mais prático, pois não ficam com dobras indesejáveis e é mais rápido de organizar.
Quanto mais sintético o tecido, mais fácil para passar, ou não passar.
Correr de tecidos complicados.

Em Glion logo desisti daquelas roupas complicadas e praticamente só usava meus vestidos de malha ou viscose, aqueles que não precisam passar. Eles pulavam da máquina para o armário em perfeito estado.
Quando trouxe minha mudança, já sabia da falta de ajuda para passar roupas. Aposentei então muitas das roupas do meu armário: nada de linho, nada de algodão puro e muita coisa sintética. Tecidos complicados são incompatíveis com minha vida aqui. Foi uma escolha dura mas preferi largar no Brasil todos os meus lençóis supercal de nem sei quantos mil fios egípcios e ganhar horas no meu lazer.
Quando vou comprar roupas, passo direto por alguns tecidos e, muitas vezes, deixo de comprar algo quando leio a etiqueta com aqueles códigos complicados de como lavar e secar o tal tecido. Tô fora.

Aqui em St Prex fui apresentada para um ferro de passar roupas com uma estação de vapor. Realmente é impressionante. É mais caro que aqueles ferros convencionais mas vale cada centavo. Uma passadinha e já está resolvido o problema. Nada de vai e volta e vai e volta e vai com o ferro.
Fiquei tão maravilhada que levei um para a mamãe, pois ele realmente ajuda a diminuir o tempo de passar roupas. Em tempos de PEC para funcionários domésticos, tempo faz sim muita diferença.
Temos uma pessoa que ajuda em casa três horas por semana. Só isso. Para trabalhar estas três horas, ela recebe CHF 75, ou R$ 260. Nestas três horas trabalhadas ela passa as camisas do Meu Suíço e dá um tapa na casa. Sem este ferro, provavelmente ela gastaria mais horas na taboa de passar e eu mais horas fazendo o que ela não teria tempo de fazer.