Eu optei por morar aqui portanto, quando comparo na balança, para mim está ganhando viver aqui que minha vida no Brasil. Mas não é por isso que a gente precisa fechar os olhos e acreditar que tudo é um mar de rosas.
Tive que mudar de hábitos, rever conceitos, aprender a fazer coisas que jamais tive que fazer antes e assim vai. Abaixo algumas coisas que tive que abrir mão para viver por aqui.

Fazer as unhas semanalmente
Fazer as unhas não é definitivamente um hábito suíço. As suíças lixam as unhas curtinhas e pronto. Aprendi que quanto menos se faz, menos se precisa fazer. Cutícula cresce se a gente cutuca muito se não, ela acalma e para de incomodar.
Manicure por aqui, como a maioria dos serviços, custa uma fortuna. Fazer as unhas é um desperdício pois com toda a ralação doméstica, a unha que deveria durar uma semana não dura nem um dia.

Lençóis bem passados
No início até tentei passar os lençóis mas depois ví todo o trabalho que dá e o custo benefício deste hábitoara mim desnecessário. Lavo, estendo bem estendido e dobro bem apertadinho. Pronto. Só passo as fronhas, acho que para fingir para mim mesma que está tudo passadinho.
Minha língua
Aprender uma língua depois de adulto é um perrengue. Demorado, improdutivo e nunca será perfeito. Desculpe o balde de água fria mas é assim mesmo.
E não interessa o quanto a gente fala bem outras línguas, é na nossa língua que a gente se expressa melhor, conhece as nuances e encontra a palavra perfeita para cada situação.
Brigar em francês não é igual a brigar em português.

Participar de momentos importantes
Um casamento, um aniversário, uma comemoração. Ver os sobrinhos crescerem. Observar os pais envelhecerem. Quem está longe perde ocasiões.
Participar por skype é bom, whatsapp é o máximo, mas não é igual. A gente se acostuma a estar longe e estar longe é um saco nas ocasiões especiais.

Explicar nossas experiências
No início tinha vontade de contar minhas experiências, minhas descobertas, meus maravilhamentos. Desisti.
A rotina é diferente, os interesses são outros e a realidade é que a gente acaba ficando chata e rotulada de esnobe por estar sempre falando “lá na Suíça é assim...., vivi uma coisa fantástica”.
Tenho buscado viver minhas coisas e a guardar para mim muitas das minhas experiências.
Quem tiver interesse vai perguntar, ou mesmo achar no meu blog.
Falar menos e ouvir mais realmente ajuda.

Serviços acessíveis
A mão de obra na Suíça é mais que cara, é caríssima. Mas além de cara é uma mão de obra não tão servil como a brasileira.
Sim, é possível ter empregada doméstica tempo integral, manicure semanal e motorista. Também possível comprar móveis sob medida, ter flores frescas semanalmente nos vasos e jantar fora quatro dias por semana. Tudo pode. Mas precisa ter muito dinheiro para pagar.
No Brasil o serviço é mais democrático. A maioria das famílias tem pessoas ajudando, até as pessoas mais simples. Aqui não. Todo mundo faz de tudo, até os mais ricos e abastados.
Se quiser, vai pagar os olhos da cara. É assim que funciona. E eu, que não posso manter este padrão de serviços total, aprendi a fazer um pouquinho de tudo!
E não existe milagre nem mundo perfeito, temos que escolher o que vale mais a pena e pagamos os preços das nossas escolhas. Simples assim!