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Lago Cresta, na Suiça Alemã

Os Suíços não gostam de fazer muito escarcéu e o meu, não é diferente. Nós Brasileiros já saímos contando, falando, fazendo propaganda. Eles não. Têm sangue frio para guardar segredos que acabam surpreendendo a gente, ainda bem!

Estávamos viajando de carro, do Ticino para o Grison, na Oberland, um vale já no cantão do Grison. Lá se fala Romanche, uma das quatro línguas oficiais da Suíça, uma mistura confusa de alemão com português.

A paisagem é de tirar o fôlego. Aquela Suíça dos cartões postais, com montanhas, neve lá longe, muita vegetação, vaquinhas e fazendas espalhadas. Uma coisa de louco. Tivemos o privilégio de viajar neste lugar espetacular em um dia de sol quente, fascinantemente colorido. Sabe aqueles dias que você se pega agradecendo a Deus de ter feito algo tão maravilhoso? Pois é, um destes.

Acontece que eu tenho sempre uma garrafinha de água comigo. Já bebia muita água no Brasil mas aqui eu praticamente me afogo. A Suíça é um país seco e beber água é uma obrigação. O corpo implora. E claro que junto com a “bebeção” vem a desconfortável necessidade de ir ao toilete.

Avisei Meu Suíço que já estava pronta para uma parada estratégica. Mas estava tão enlouquecida com a beleza do lugar que pedi um terraço, onde pudéssemos curtir aquele visual tomando alguma coisa refrescante.

Ele perguntou se poderia aguentar um pouquinho. Concordei. Em nenhum momento ele disse onde me levaria. Nenhum marketing.

A viagem continuou por mais de meia hora. Perto de Flins, uma estação de esqui famosa do Grison, ele saiu da estrada principal. Entrou em um caminho lindo, cheio de chalés e fazendas. A esta altura já estava cronometrando os minutos que me separavam do banheiro.

Entramos em uma estrada de terra batida e continuamos dirigindo alguns minutos por uma floresta. Adiante começamos a ver alguns carros parados. Paramos o nosso. Ele então anunciou que precisaríamos andar um pouquinho. “Pouquinho quanto?” O GPS indicava 23 minutos.

Já estava me encaminhando para o meio do mato, mas resolvi resistir.

Seguimos a pé em uma estradinha linda que descia um pouco de onde estávamos. Entre curvas e muita vegetação, de longe, comecei a avistar uma água turquesa e esverdeada simplesmente translúcida. Pirei.

Andamos um pouco mais e começamos a ver alguns atalhos saindo da estradinha principal, onde as pessoas cortavam caminho para acessar as bordas do lago em locais mais selvagens. Fiquei enlouquecida com o visual.

Mais adiante naquela estradinha encontramos um local com duas barraquinhas que vendiam coisas. Tinha uma churrasqueira coletiva feito de pedras, onde várias pessoas grelhavam seus churrascos. Muito civilizado dividir a grelha, pensei. Na beira do lago crianças brincavam. No gramado, famílias tomavam sol, como se estivessem em Copacabana.

Acima do gramado, avistamos um restaurante com um terraço imponente e uma vista alucinantemente linda voltada para o lago. E um toilete, pensei!

Subimos um pouquinho mais e depois de fazer o que já deveria ter feito há uma hora atrás, sentamos no terraço. Lá ficamos, curtindo aquele visual único enquanto tomávamos um copo de vinho branco da região.

Depois pesquisei mais: o Lago Cresta, Crestasee em alemão, fica localizado há 20 minutos de carro de Chur. O lago tem 320 metros de comprimento e é conhecido pelo espetacular contraste da cor da água com a vegetação a seu redor. Por ser raso nas bordas é especialmente atraente para famílias. Suas águas são frias, são provenientes de uma nascente subterrânea que renova toda a água em poucos dias, garantindo condições de limpeza e transparência para mergulhos.

Esta é a Suíça dos suíços. Eles que sabem destes pequenos lugares secretos e maravilhosos. E não contam, te mostram.

Fiquei encantada, aliás, ainda estou!

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