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As florestas suíças : baratas, saudáveis e lindas

Ninguém nunca afirmou, mas desconfio que um dos fatores pelo o qual a Suíça está posicionada no alto das listagens de países com melhor qualidade de vida, países com maior índice de pessoas felizes e melhores países para se viver é porque relativamente perto de toda cidade suíça existe uma floresta.

Chur é uma cidadezinha pequena, considerada a capital do cantão do Grison, na Suíça Alemã. É a cidade mais antiga da Suíça. Tem menos de 40,000 habitantes e é linda. Realmente charmosa. Tem uma localização bastante particular, fica encravada em um vale, rodeada de montanhas altíssimas e é limitada pelo rio Reno. Além de tudo, é a cidade onde nasceu o Meu Suíço, o que a torna ainda mais especial.

Já fui a Chur algumas vezes, em épocas climáticas diferentes e por motivos diversos. Festa de família, doença de alguém, visita à toa, festival de verão, carnaval, dia das mães, crisma sei lá mais o que. Cada vez que vou, descubro alguma coisa nova nesta cidadezinha minúscula, que Meu Suíço chama de metropolitana e que eu insisto que tem o tamanho de um povoado.

Na minha última visita tínhamos uma hora disponível e resolvemos ir até a floresta que fica atrás do hospital. Floresta Fuersten, ou Floresta dos Senhores.

Paramos o carro e entrando devagar naquela imensidão verde. De cara já me apaixonei.

As pessoas deixam os carros na saída da floresta e adentram seguindo diversas trilhas demarcadas. O tempo, a dificuldade e a distância de cada trilha difere, cabendo a cada visitantes escolher o ritmo para sua estadia.

Cachorros são super bem vindos e podem circular soltos por lá. Aparentemente cavalos também frequentam o espaço, pois encontramos alguns rastros no caminho.

Os frequentadores fazem lá seus exercícios. Existem diversas estações sugerindo paradas estratégicas para prática de alguns movimentos físicos.

Lá encontramos uma cobra no caminho. Tá bom, era pequena, mas cobra é cobra. A gente pula para trás de medo de qualquer maneira.

E vimos também uma fogueira cujo cheiro de madeira queimada denunciava fogo recente. Fiquei imaginando um encontro a noite lá. Simplesmente espetacular.

Durante o trajeto fui comendo framboesas selvagens. Azedinhas, deliciosas.

Vimos também muitas pilhas de madeira. As florestas daqui são monitoradas direto, sendo constantemente vistoriadas por uma equipe de manutenção. Cabe a eles cortar algumas árvores antigas e já não tão saudáveis e replantar outras, limpar as trilhas e organizar a madeira disponível para que seja retirada. É nesta época que eles fazem a maior parte do trabalho pois durante o inverno o movimento é mais difícil e limitado pela neve.

Eu provoco direto os europeus falando que eles cortaram todas as suas florestas e que é por isso que ficam de olho na nossa. Eles não acham graça. Levam este negócio de ecologia super a sério!

Cruzamos no caminho com diversas pessoas, independentemente de ser segunda feira.

Passamos por corredores, senhores andando bem devagarzinho, jovens namorando, senhoras caminhando e fofocando. Uma amostra da população que confirma que a floresta é de todos.

Logo na saída notei um banco com uma plaquinha. Meu Suíço traduziu o que parecia ser um presente à cidade como comemoração dos 102 anos do avô de alguém. Imaginei que aquele avô deveria ter sido um frequentador desta floresta. Viveu 102 anos, talvez pelos hábitos saudáveis e pelo contato pela natureza. Vai saber.... Lembrei também da minha avó, que ganhou bancos de igreja de aniversário pois estava construindo uma capelinha em um bairro necessitado de Santa Rita.

Saí de lá totalmente energizada depois de uma hora de caminhada. Não gastamos um centavo, nos exercitamos, desfrutamos.

Rodeada pelas montanhas, respirando um ar para lá de puro e vendo coisas bonitas, não tem como não ficar feliz. Daí minha teoria sobre a Suíça fazer parte destas listas também por causa de suas lindas florestas...

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