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Visitar vinhedos e degustar vinhos na Suíça

Uma das vantagens de viver em uma área agrícola é poder comprar produtos diretamente do proprietário. Mas vantagem mesmo é ser vizinha de um dos melhores produtores de vinho da região. Morando com um suíço, aqui em casa valorizamos a produção local, que para a minha sorte é bem boa. Cara, mas muito boa.

A compra de vinho aqui na Suíça é um evento a parte. Não se passa somente uma comanda. Se experimenta tudo, para resolver o que e o quanto comprar. Gosto bem deste programa.

Ligamos para o produtor que confirmou que nos receberia em sua propriedade para uma degustação sábado, às 11 da manhã. Eu sei que é cedo. Essa hora ainda nem terminei a digestão do café da manhã mas a responsabilidade fala mais alto e quem sou eu para fugir da raia?

Como o final de semana anunciava sol e temperaturas super agradáveis, demos um upgrade no programa. Convidamos um casal de amigos e uma amiga para nos acompanharem. Eles também queriam comprar vinhos e certamente é mais divertido entre amigos.

Fomos todos a pé. Nos encontramos em casa e caminhamos por três quilômetros, curtindo os vinhedos carregados e o charme do início do outono. As vinhas já estão lotadas de uvas, só esperando a colheita que acontecerá nas próximas semanas.

Chegamos lá e encontramos mais um casal e uma amiga que já estavam do branco passando para o tinto. O proprietário teve que se ausentar por um problema de família, mas deixou o administrador da propriedade, João, um português falante e divertido, para nos acolher.

Começou então a folia.

Como em toda a degustação, começamos com o vinho branco Chasselas, uma uva menos complexa mas ainda deliciosa, e de lá crescemos para o Pinot Gris, Chardonnays até o Sauvignon Blanc, meu preferido, mas que achei um pouco ácido este ano.

De lá passamos para o mais popular do Domaine, o Rosé. Nada como um vinho rosé fresco. Adoro. Eles aqui guardam o rosé mais para o verão. Eu não estou nem ai, se tiver, tomo no inverno também como apéro.

Para degustar vinhos, não existe lugar mais aconchegante no mundo que uma cave. Rodeados de garrafas e toda a decoração simples mas cuidada, a gente se sente logo em casa.

Passamos então para os tintos, que adoro mas que na Suíça não são os meus favoritos.

Começamos com o Gamay, o vinho tinto despretencioso da região. Crescemos para o Pinot Noir, Gamaray até chegar no Merlot, definitivamente o melhor tinto do domaine. O Merlot não é muito característico em Vaud, meu cantão. Ele é mais plantado no Ticino, na Suíça Italiana, mas o David Kind arrasa no seu merlot, premiadíssimo e incontestavelmente delicioso.

Depois do tinto merlot passamos para o assemblage, a alquimia que é o charme caraterístico, e o orgulho, de todo produtor. Ainda assim, continuo a preferir o merlot.

Depois de muitas as garrafas abertas, preenchemos a ficha de comanda e entregamos nossas encomendas ao João, que nos convida a continuar por mais um momento. O papo estava animado e divertido.

Se vier buscar o vinho na propriedade, recebe-se 5% de desconto. Claro que eu vuo voltar esta semana para encher o porta malas do carro.

Depois de degustar despreocupadamente todos os vinhos, saímos a pé, sem o estresse de voltar dirigindo. Nada como uma boa caminhada depois de uma degustação matinal.

Recompensamos a longa caminhada indo até a cidade, onde comemos o filé de perche mais tradicional da região do lago Genebra. Claro que pedimos um vinho rosé, para continuar a folia.

Deixamos nossos amigos na estação de trem e caminhamos até em casa.

Meu celular registrou mais de 16 000 passos caminhados. Ele me incentiva, diz que fiz bem, fica todo feliz quando ultrapasso minha cota diária de passos. Ainda bem que ele só registra este exagero e ignora as ingestões calóricas e etílicas.

Depois de andar tanto, excepcionalmente fui tirar uma soneca a tarde. Ninguém merece um sábado tão estressante assim!

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