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Suíça com cachorros – Parte 6 – Roger chegando

Em março, depois que fomos aceitos por Mme S. como proprietários de um de seus filhotes, relaxamos. As pessoas perguntavam de Roger e eu respondia que ele ainda era um óvulo e um espermatozoide, os dois ainda não fecundados.

Teria que ter paciência e esperar.

Mas lá para meados de maio comecei a ficar impaciente pensando se Jalisca teria entrado no cio. Pedi ao Meu Suíço para verificar.“Ela disse que avisaria”. Os dias passavam e nada de ter notícias do cio da cadela.

Liguei.

Me apresentei como a dona do Roger. Mme S. foi super cordial. Disse que Jalisca havia entrado no cio e que já tinha ido para a Alemanha, não mais Itália, para viabilizar Roger. O cão alemão tinha características complementares à Jalisca já que o italiano não apresentou sei lá qual papel. Foi descartado. Ri, bem coisa de italiano sedutor...

Ela, provavelmente descolada por mais de 30 ninhadas, afirmou que precisaríamos aguardar para ver o que a natureza reservara. Para que não ficássemos ansiosos. Ela nos ligaria quando tivesse notícias.

Longo silêncio novamente. Nenhuma ligação.

De novo, sob protestos do Meu Suíço, liguei querendo notícias do meu Roger. Ela disse que havia tentado nos ligar mas não atendemos. A boa notícia era que a gravidez de Jalisca estava confirmada e a ultrasonografia já mostrava um mínimo de cinco filhotinhos. Teríamos o nosso macho. Se nascesse algum, ela realisticamente acrescentou.

Antes de viajar para o Brasil liguei de novo para Mme S. reafirmando que queríamos nosso filhote. Estaríamos nas Olimpíadas quando os filhotinhos nascessem mas assim que voltássemos agendaríamos uma visita. Ainda avisei que caso só nascessem fêmeas, gostaríamos de manter uma mesmo assim. Entendi que as fêmeas já estavam comprometidas. Respirei fundo. Vai rolar um macho, tenho certeza!

E do Brasil tivemos a notícia pela internet que Roger nasceu. Dia 27 de Julho. Ele e mais nove filhotes. Pobre Jalisca. Já imaginou o trabalho? Quatro machos e seis fêmeas. Roger já não era mais um espermatozoide separado do óvulo!

Assim que meu Suíço voltou do Brasil passou para conhecer os filhotinhos. Passou é modo de dizer pois Jalisca mora há uma hora de carro de casa. Na visita não pode pegar os filhotinhos no colo e muito menos escolher. Eram muito pequenos ainda. Sorte minha, que cheguei do Brasil e pude participar da escolha na semana seguinte.

Fomos visitar a ninhada.

Uma loucura.

Todos fofos mas absolutamente enlouquecidos.

Cada filhote estava marcado com uma pincelada de uma cor diferente para identifica-los.

Sentamos lá fora e nos deliciamos com toda a fofura que um filhote oferece. Não dá para resistir a tamanha sedução. Logo nos encontramos espalhados pelo chão, brincando com toda a cria.

Jalisca circulava tranquila e suas tetas denunciavam que estava cheia de leite. Os pequenos se penduravam nela para mamar, mesmo quando ela estava de pé. Pobre cadela. Trabalho sem fim!

Um macho em particular nos rodeava, brincava, nos seduzia. Mme S. percebendo a sedução disse então que aquele era o mais esperto dos filhotes. O animado. O de maior porte. O que mamava sempre na mesma e melhor teta da mãe. Disse que ele lembrava muito seu Storm, um golden que ela teve e que foi diversas vezes campeão. Disse que chamava aquele atrevido sedutor de vez em quando de Roger. Campeão é campeão. Mas que não queria influenciar nossa escolha. E como não?

Claro que aquele pequeno animado e safado, com sua marca amarela, cor preferida de Meu Suíço, virou nosso Roger. Digo que ele que nos escolheu. Não fomos nós.

Mme S. faz o que eles chamam de socialização dos filhotes de uma maneira exemplar. A cada semana é incluída aos filhotes uma nova atividade de maneira a estimula-los e habituá-los com o meio em que viverão. Naquela terceira semana eles saíram de dentro de casa para ir morar no quintal, onde existe uma cabana para dormirem. Estariam então expostos desde cedo aos barulhos da cidade: trem, carros, pedestres conversando, cachorros latindo.

A cada semana brinquedos e atividades são incluidos na rotina da bicharada, em uma crescente. Comidas novas. Passear na floresta. Andar de carro. Uma fofura.

Aprendemos que uma socialização bem feita é o que evita que um cachorro fique latindo ou se assuste com tudo e todos. Faz com que o animal seja mais sociável e também que consiga aprender mais rápido. Pesquisamos muito antes de chegar em Mme S.. Um amigo experiente disse que um boa criador garante a saúde e a inteligência do animal. Tomara.

E ela nos pediu que o visitasse semanalmente, para que Roger se acostumasse conosco e nós também com ele. Não perdemos uma única visita. Não me surpreendi com o compromisso do Meu Suíço.

A cada semana os filhotes engordam um quilo. Foi divertido visita-lo por quatro vezes e perceber como está crescendo e ficando mais esperto.

Roger já está com sete quilos e terá mais de oito na sexta feira, quando iremos busca-lo para morar conosco.

Enquanto esperamos as nove semanas se completarem, muramos nosso jardim, protegemos a escada, para que ele não role abaixo. Compramos e ganhamos diversos brinquedos, para que ele não coma nossos móveis. Arrumamos uma caminha. Está tudo pronto.

É um investimento de dinheiro, de tempo e de expectativa que deve ser compensado criando um cachorro agradável. Tem coisa mais chata que cachorro mal educado?

Os primeiros meses serão de muito trabalho. Indiscutível. Não só para limpar a bagunça como para treina-lo para ser um bom cão. Vai ser duro brigar para educar tamanha delícia, mas vamos tentar. Já estamos apaixonados e totalmente seduzidos pelo olhar dele.

Aqui na Suíça os cachorros vão com seus donos para todos os lugares. Se Roger for bem educado, será bem vindo. Se for uma praga, teremos um problemaço pela frente.

Não podemos errar.

Meu Suíço não trabalhará na sexta feira, dia que ele chega. Ficaremos o final de semana inteiro babando e educando o peludo. A vizinhança pergunta de Roger. Minha afilhada vai vir do Brasil só para conhece-lo.

E é assim. Um cachorrinho invade as nossas vidas. Nos seduz. Nos conquista. E nós deixamos.

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