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Philippe Chevrier, o chef de Genebra


Foto do site Domaine du Châteauvieux

Conheci o nome Philippe Chevrier em 2007, quando procurava um estágio para minha pós graduação. Queria trabalhar em um lugar pequeno, para poder observar e aprender com tudo e todos. Tinha que ser também charmoso e com uma cozinha espetacular afinal, não tinha vindo para a Suíça a toa.

Minhas pesquisas me levaram ao Domaine de Châteauvieux, um lugar espetacular nas redondezas de Genebra onde estive uma vez. Fui de ônibus, para entregar em mãos meu CV. Lembro das eras na entrada da casa, que é quase um castelinho. Tudo lindo e cheiroso. Não consegui entregar a ele, como queria, mas entreguei para alguém. Sei que meu CV foi parar nas mãos de outro alguém, pois recebi um email do tipo “Não, muito obrigada!”. Pelo menos tentei.

Estagiei então 6 meses na cozinha de um restaurante em um hotel Relais Château, na França, do outro lado da fronteira, a 10 minutos de Genebra.

Lembro de um alvoroço no dia que “Ele” iria passar por lá. Sim, Chevrier prestou consultoria no restaurante que trabalhei. Chegou na cozinha vestido de chef, simpático e bem careca. Tudo o que eu lembro, já que meu francês era bem sofrível nesta época e não consegui entender nada da conversa.

Com o passar dos anos minha vida pessoal se aproximou, enquanto a profissional se distanciou, da cozinha.

Sempre circulava, lia e acompanhava os passos deste chefe empreendedor. Esperto, abriu suas portas também para outros segmentos. Montou restaurantes mais acessíveis, como o Le Relais de Chambésy, que conheci com uma amiga brasileira. Um tipo de brasserie que hoje não o pertence mais. Lembro que sentamos no terraço, escolhemos o menu degustação e comemos e bebemos como rainhas.

Chevrier voou ainda mais longe das cozinhas, aventurou-se com sua própria épicerie, lançou seus vinhos e comercializou produtos elitizados na Globus, loja de departamentos chique aqui da Suíça.

O homem é pilhado. Cada ano na sua biografia tem um novo empreendimento.

E minha vida cruzou com a dele novamente em Março de 2015, quando resolvi que queria encontrar o chef da cozinha onde fiz meu estágio. Eu sabia que ele não mais estava no restaurante na França então, perguntei ao Google onde encontra-lo e fui parar no Café des Négociants, um restaurante super charmoso no delicioso Carouge. Propriedade de Philippe Chevrier, claro.

Fiz reserva. Me arrumei. Estava excitadíssima com a possibilidade de finalmente poder conversar com meu Chef, alguém que me ensinou e me inspirou muito durante os seis meses que gramei em sua cozinha. Queria agradece-lo. Nunca conseguimos realmente conversar pois meu francês era bombástico e seu inglês, bem básico. Poderia finalmente me expressar!

Mas o jantar no Café des Négociants foi bem diferente do que pensei.

Fui com Meu Suíço. Nos sentamos e pedimos como aperitivo um copo de vinho branco para um garçom sorridente. Quando ele trouxe o vinho, ansiosa, perguntei pelo chefe Soulivan. Ele perdeu sua graça, tornou-se sério, e com o olhar vazio disse “Soulivan partiu”. Enigmático completou, “Para sempre”.

foto trip advisor

Nós dois nos emocionamos.

Ele então contou a dura batalha contra um câncer feroz. Falou de sua família, seus filhos novinhos. Contou que Soulivan foi prudente em suas finanças e que deixou a família financeiramente protegida. Desculpando-se por suas lágrimas, explicou que aquela era a primeira vez que alguém havia entrado no restaurante perguntando por ele.

E eu contei o quanto ele me ensinou e me influenciou. Disse que diferente do que pensava quando vim para cá, fiquei na Suíça, também como resultado de seis meses de muita introspecção na cozinha de Soulivan. Lembrei histórias engraçadas. De sua cozinha simples e deliciosa. Disse que estava aquela noite lá para agradece-lo.

De alguma maneira eu e aquele garçom chorão prestamos um tributo a Soulivan, dentro de um restaurante Chavrier.

E no final de 2015 Philippe abriu Chez Philippe, um stake house charmoso e moderno no coração de Genebra. Rue du Rhône, a mesma rua onde estão todas as etiquetas caríssimas que Genebra oferece e onde circulam os banqueiros descolados da cidade. Esperto este Philippe.

Fui com cinco amigas brasileiras em uma quinta feira, na hora do almoço. Reservas são obrigatórias pois o lugar está sempre lotado. Roger também foi e recebeu afagos e uma vasilha de água fresquinha. Se comportou divinamente bem, ainda bem.

Comi o menu do dia, por CHF 39 com entrada, prato principal e sobremesa. Fiquei encantada. Comida deliciosa, apresentação e gosto impecáveis com um serviço muito simpático, algo nem sempre disponível na Suíça.

Quem passa por Genebra vale conferir um autêntico Chevrier. E não tem desculpa, tem Chevrier para todos os gostos e bolsos.

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