
Quem imagina bicho na Suíça pensa basicamente em vacas, de preferência com sinos enormes nos pescoços. Não é errada esta imagem mas, surpreendentemente, tem bem mais que isso solto aqui.
Minha grande surpresa foi descobrir que na Suíça, talvez pelas proximidades das florestas que existem para todos os lados, alguns animais se aventuram nas cidades.
Ao invés de temer que cachorros virem o lixo durante a noite, os Suíços temem que as raposas façam esta bagunça. Sim, as raposas. Eu já vi raposas vagando a noite em Ouchy, que é o bairro transado de Lausanne, na beira do lago. Estou falando de raposa transitando na quinta maior cidade da Suíça. No mínimo é surreal.
Semana passada uma raposa cruzou a rua que transitávamos. Andam devagar, cabeça baixa. São estranhas.

Os cachorros daqui são todos controlados, pagam impostos, usam um chip subcutâneo que permite que seus donos sejam localizados imediatamente, em caso de problemas. Cachorros nunca estão soltos sozinhos nas ruas. Gatos sim, nunca cachorros.
Agora engraçado mesmo foi descobrir os Hérissons, uma espécie de porco-espinho, que transita em Saint Prex e algumas outras cidades daqui.
Ontem eu e Roger estávamos caminhando a noite, quando vimos um que cruzava a rua. Um carro parou para que ele, com seu passo lento, atravessasse despreocupadamente. Eu logo corri e tirei uma foto, com um flash enorme na cara dele. Depois percebi que arrisquei o Roger. Quando assustado, um porco-espinho pode soltar espinhos e machucar para se defender.
Hoje, investigando na internet, encontrei um site de Genebra que explica o que fazer com os Hérissons quando eles estão machucados. Sim, uma ONG que recolhe porco-espinho, cuida deles e os devolve a natureza. E dão até nome para os porquinhos. Achei bonitinho.
Os porcos-espinhos são frequentemente atropelados. Já vi uma placa que alertava os motoristas para terem cuidado com os hérissons. Engraçado imaginar isso em um país como a Suíça, mas tem!

Roger está perdido... aqui em casa tem um monte de porco-espinho. Outro dia, no jardim, ele latia enlouquecidamente para algo. Eu fui lá para reprende-lo e me deparei com um porco-espinho, encurralado entre as latidas do Roger e nossa cerca. Levei o cachorro pra longe, dando uma folga para ele escapar. Escapou. Ainda bem.
E tem as aranhas. Enormes. Grandes, talvez não enormes. Na Suíça descobri que tenho medo de aranha. Imagine, bem eu que tiro barata de letra.
Com Meu Suíço minha vida ficou mais fácil pois assim que vejo uma, e acredite, aqui em casa elas sempre aparecem, peço ajuda e meu herói vem e se livra delas. Quando ele não está na área, de duas uma: ou ignoro, rezando que ela encontre o caminho da rua sozinha, ou ligo o super aspirador de pó que se encarrega de sumir com ela. Eu sei que não é muito ecológico mas, assim o é.
A coisa boa das aranhas é lembrar da minha avó quase que diariamente. Vovó Maria, fazendeira, me ensinou a sempre bater as botas antes de calça-las, para evitar aranhas e cobras, que se metem no quentinho dos sapatos. Deixei este hábito em São Paulo, onde aracnídeos raramente apareciam. Na Suíça, me vestindo, lembro da vovó todo dia.