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Socialização de cachorro


Obrigatórios por lei, os cursos teóricos para quem vai adquirir um cachorro na Suíça são bastante genéricos. Em pouco tempo aprendemos muita coisa, mas nada é profundamente abordado. O benefício é desenvolver uma ideia ampla do que vai acontecer e já ir elaborando qual linha se quer adotar para educar o cachorro. Já escrevi aqui sobre minha experiência neste curso.

Fiz o curso antes de comprar o Roger. Nem sonhávamos quando ele chegaria. Mas, o que mais me marcou de tudo que ouvi, foi o conceito da socialização do cão. Realmente faz sentido. Hoje tenho sentido na pele que este é um super investimento de energia e tempo.

O princípio é bem simples: expor o animal a tudo e a todos durante as primeiras 12 semanas de vida. Quanto mais, melhor.

Eu lembro que no Brasil diziam que nas primeiras semanas o cachorro não deve ser exposto a muitas coisas, por causa da vacinação. Aqui a orientação foi contrária. Roger já havia tomado a primeira dose da vacina com 8 semanas e foi liberado pelo veterinário para circular e conhecer tudo o que pudesse.

O cachorro normalmente late quando estranha coisas que desconhece então, cabe ao dono passar tranquilidade para o animal quando exposto a algo diferente. Tudo para que o pequeno sinta-se seguro e confortável diante da nova situação. E é o que temos feito incansavelmente, eu e Meu Suíço.

Inicialmente o cachorro, quando exposto pela primeira vez a algumas novidades, se assusta e reage latindo ou empacando. Ai é a hora de dizer, com calma e voz suave e tranquila, que está tudo bem e dar um tempo, para que ele se acostume. Simples assim.

Para um cachorro, alguns animais são assustadores, principalmente os grandes. Roger já conhece cavalos, bodes, gatos, galinhas, ovelhas, outros mil cachorros e claro, vacas. Aqui é fácil, moro quase em uma região rural.

Coisas bobas, como as ondas do lago, assustam um filhotinho desavisado, até mesmo um golden retriever, famoso por adorar água. Molho meu dedo com água do lago e dou para ele entender que está tudo bem. E aos poucos ele vai se acostumando.

As pessoas também são assustadoramente diferentes. Altas, baixas, gordas, magras, pretas, brancas, em cadeira de roda, com deficiência física. Diferente do que a gente pensa, um filhotinho percebe todas estas diferenças. Quanto mais gente diferente ele conhecer, melhor.

Aqui em St Prex tem uma grande clínica para pessoas com deficiências e muitos pacientes circulam pelas ruas da cidade livremente. Tem pessoas com restrições mentais e outras com restrições físicas. Roger já ficou amigo de vários, que também não resistiram ao charme do peludo. Só não conquistamos ainda um senhor, que transita sozinho em um patinete, e que aparentemente vive sozinho no seu mundo interior. Mas pelo menos Roger não late mais para ele. Está aprendendo a respeitar mundos diferentes e até isolamento interior.

E transportes também podem dar medo. Caminhões enormes, motocicletas barulhentas, carros pequenos, grandes, coloridos, discretos. E tem o transporte público também, trens e ônibus. Muita coisa para descobrir..

Ontem fomos jantar em Morges, de trem, para que ele se habituasse. Foi difícil entrar no vagão mas depois rolou fácil. Fui ajudada por um simpático passageiro que não resistiu a seus encantos. Ticamos o trem da nossa lista!

E as cidades grandes. Por incrível que pareça, Roger está acostumado com o interior, se é que podemos considerar Saint-Prex assim. Cheio de verdes, Roger só faz suas necessidades na grama ou no mato. Menino mimado. Semana passada fomos para Genebra e o bichinho se desesperou pois queria fazer xixi e não encontrava nenhum verde. Até isso ele teve que perceber.

E tem as lojas, as calçadas com pedestres transitando rapidamente nos dois lados, a televisão, os restaurantes, as folhas de outono que voam, os patos do lago, a neve, os trenós, os pássaros... tanta novidade para explorar.

Socializar tem me feito pensar como somos rodeados de informações. Tem sempre coisas novas para aprender.

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