
Quando terminou meu contrato com a multinacional que trabalhei, perdi meu carro de trabalho. Tive porém dois meses de carro sem trabalhar e resolvi fazer uma viagem sozinha pela Suíça. Eu, e na época, meu futuro-ex-carrão.
Dirigi até Zurique visitar uma amiga e de lá segui para o Grison, um cantão absolutamente lindo, onde está Vals.
Para ser sincera, nunca fui muito atraída por termas. Sempre achei um programa meio paradão. Mas fui mesmo assim, depois de ouvir um mar de elogios feitos por dois queridos amigos. Esses dois são exigentes por qualidade e têm um gosto imbatível. Vale seguir o rastro. Foi o que fiz.
As termas de Vals são conhecidas internacionalmente não só por sua localização espetacular nas montanhas, mas pela sua arquitetura única. O arquiteto Peter Zumthor simplesmente arrasou.

Peter Zumthor, arquiteto suíço originário de Basel, foi convidado pela cidade de Vals em 1996 para modernizar as termas. A construção já foi premiadíssima também por ser considerada praticamente orgânica, uma vez que foi toda erguida através de blocos de pedra sobrepostos, água diretamente da nascente e iluminação natural.
O acesso até lá é bem peculiar. Fica no meio de uma serra com curvas bem fechadas. Tem que dirigir com muito cuidado até que se chega em um vale. A cidadezinha é bem típica suíça, com chalés de telhado de pedras e rodeada de montanhas. As termas ficam em um local mais alto, com uma vista extraordinária.

Anexa as termas fica um hotel, que oferece quartos internos ou externos. Eu me hospedei lá e não me arrependi. Além da comodidade de ficar totalmente relaxados naquele lugar espetacular, os hóspedes têm acesso as termas antes e depois de aberta ao público, além de não pagarem a entrada. Hóspedes de outros hotéis da pequena cidade de Joyau têm desconto, mas não total isenção.
O número de visitantes é limitado, para assegurar a tranquilidade dos visitantes. Aliás, a palavra privacidade e tranquilidade lá é lei. Silêncio total. Uma delícia. Celular proibido.
Na chegada às termas recebemos uma chave, para guardar os objetos no armário, um robe e uma toalha. Cabe a cada visitante explorar o local silencioso e absolutamente lindo.
E a gente se aventura corredores adentro e vai percebendo a arquitetura é toda quadrada, de concreto, pedras, com luzes estrategicamente posicionadas e em total harmonia com as cores da água. Corredores de cobre. Água caindo pelas paredes. Materiais naturais compondo a arquitetura moderna. Não precisa ser conhecedor de arquitetura para amar.

Mas o mais interessante é como aquela terma mexe com nossos sentidos. Tudo está em harmonia. Existem apelos acústicos, visuais e olfativos, todos trabalhando juntos para que a experiência sensorial seja intensa. Até a desbundante paisagem externa faz parte do programa.
E claro, tem a água. Maravilhosamente relaxante, a temperatura de 30oC.
Quem quiser pode fazer massagens, mas tem que reservar antes. Eu fiz e adorei.
E também vale simplesmente fazer nada por lá, ficar só babando para aquilo tudo.
O hotel tem um restaurante que quando fui, achei pretensioso. Comi bem mas não espetacularmente, como dizia a propaganda na época. Não sei se melhorou ou piorou mas acredito que não ter que sair de carro naquela serra tortuosa para comer é um bom negócio.
Voltei de lá totalmente relaxada e feliz. Inesquecível a experiência.